sábado, 24 de novembro de 2012

Tempo pra ser só. (Ontem numa mesa de bar)




Hoje é sexta
E a minha festa
É com a solidão.
Acendo o cigarro,
Bebida na mesa,
Pensamentos vagos,
Porém sem tristeza,
Incertezas talvez...
A vez
É nossa!
Minha e da bossa
Que toca no som.
E nesse tom,
O dom de sentir na tez da alma
Se apodera
Quem dera
Alegria e calma
De primavera a primavera
Só quimera!
Só quimera!
Quisera poder um dia
Descobrir razões na via
Pro que não se via, e nem se entendia
Apenas jazia
O amor?



Elon Barbosa.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Subjetivo


Uma vontade estranha se manifesta entre a objetividade e a imaginação. Não tenho consciência da exatidão do que se trata. Todavia me persegue em todos os momentos destes últimos dias. A escuridão não se cansa de se humilhar aos pés da claridade. E por vezes, pessimismos irracionais aparecem como visões realistas. Cresci aprendendo que o amor move montanhas, mas as montanhas, nem sempre, se movem por amor. Minhas pupilas se reviram ou se fixam no vácuo, se entregando a tortura de pensamentos vagos, que se alimentam do doce sofrimento da incerteza. E no meio da inquietação, me rebaixo à condição de um mero mortal, desconhecedor dos próprios anseios e do próprio poder. Se sou imagem e semelhança de Deus, então... Quem é Deus?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Foi-se o tempo!



Foi-se o tempo em que eu chutava a barriga da minha mãe numa doce ferocidade, a da ansiedade para ver o mundo que naquele momento me esperava; em que eu sobrevivia por intermédio do cordão umbilical e dos meus pais que tomavam os cuidados necessários durante a gravidez. Foi-se o tempo em que os mimos se concentravam em meu ser frágil, pequeno, puro; em que os braços se abriam para segurar-me, e os adultos brincavam fazendo caretas aguardando um leve riso, quando muitas vezes eu me sentia assustado, e chorava às alturas. Foi-se a época em que eu começava a falar e a dar meus primeiros passos, tocando objetos, rostos e corações entusiasmados. Foi-se o tempo em que passava minhas mãos sujas de areia ou lama nas roupas brancas lavadas com amor; e traquinava por todos os cantos, tirando as coisas do lugar, brigando com qualquer outra criança que se tornasse uma ameaça à atenção que os outros tinham em mim, querendo atravessar a rua só, correndo sem destino. Foi-se o tempo em que os brinquedos me chamavam atenção, em que a bola, os carrinhos e as miniaturas me agradavam; em que dava crença em duendes e outras fantasias. Já passou a época em que eu chorava por não querer ir à escola e quando chegava bagunçava a sala de aula com os outros colegas; ou quando eu me divertia usando máscaras nas brincadeiras de Carnaval. Há tempos não sei o que é ganhar ovos de chocolate na Páscoa, nem pintar a ponta do nariz de vermelho; não sei o que é passar as noites de São João soltando “traques” na calçada da casa da minha avó paterna, e nem ganhar presentes de pessoas vestidas do Papai Noel nos festejos natalinos. Foi-se o tempo em que caçoava na rua com moleques que se uniam em bandos para brincar de se esconder. Foi-se o tempo em que tive minha primeira ejaculação, quando a gente pensa que está urinando na cama e não sabe ao certo o que significa aquele líquido. Foi-se o tempo das paixões utópicas de menino querendo ser adulto, galanteando os afetos nos corredores da escola e fazendo bilhetes inocentes para trancar nas gavetas, mantendo amores platônicos. Foi-se o tempo em que estudar Sistema Reprodutor nas aulas de Biologia acalorava os alunos, que não sabiam bem como lidar com o assunto, inclusive eu. Foi-se o tempo do medo de fazer novas amizades, da rejeição, da extrema timidez, das primeiras espinhas (acne). Foi-se o tempo em que tomei a primeira cerveja, com medo de me tornar alcoólatra. Foi-se o tempo em que me apegava a coisas infantis e a ingenuidade me cegava por completo. Foi-se o tempo de chegar em casa cedo... Eu cresci, experimentei o cigarro, o álcool, passando a utilizá-los na tentativa de esquecer as frustrações. Conheci a falsidade, o medo, a insegurança, a ansiedade. Vivi a depressão. Passei a perceber o quanto o ser humano é mal, e utiliza a sua língua na tentativa de matar ao próximo. Entrei na universidade. Transei, senti o prazer de encostar meu corpo em outro, despido. Estudei o necessário. Me formei, obtive profissão e êxito. Ganhei dinheiro, acompanhado de problemas e contas a pagar. Frequentei grandes festas. Me casei. Engordei. Envelheci. Faleci e não me lembro com que idade, mas tenho certeza que eu poderia ter vivido muito mais, ter lido mais, ter tomado mais banhos de chuva, contemplado mais o sol, a lua, as árvores e ter sido mais livre. Hoje, daqui de outra dimensão, imperceptível aos olhos tridimensionais, eu sei que o tempo da Terra corre bem mais rápido do que quando eu corria sem rumo na infância; que os seres necessitam vivenciar o significado do amor; que dizer “Bom dia” nos traz disposição para viver; que é preciso consagrar cada milésimo de segundo; que ter respeito até por quem não tem é um gesto honrado; que as quedas são provações para que o erguimento seja mais forte; que nada feito por nós é, em si, perfeito, mas que pode ser bonito e útil; que a intenção prospera sempre; e que a vida... Ah... A vida renascerá amanhã, através de mais uma criança que iluminará o mundo, e talvez, faça tudo aquilo que eu não fiz enquanto eu estava vivo.


                                                          Elon Barbosa.

terça-feira, 26 de junho de 2012

(Des)Encontro



Por estas rotas tão estranhas
Sou levado pela lua
A seguir a minha estrada
Mas na idéia a imagem tua
Me tortura em saber
Que é chegado te encontrar
E o amor que habita em mim
É um vão a me tomar.
...o amor que habita em mim
É um veu a me vendar.

O teu nome está gravado
Nas visões e além, mais
Tua órbita dimana
De onde vens, pra onde vais?
No entanto, ainda te espero
Pra romper a minha dor
O amor que habita aqui
Foi de mim que se vingou.
...O amor que habita aqui
Foi de nós que prosperou.



                                                                           Elon Barbosa

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Apelo Nordestino Frente à Seca no Sertão


- Oh, Seres dos céus! 
Tenham piedade dos esquecidos
Dos oprimidos...
Daqueles que sentem sede e pisam descalços 
em solos escaldantes e rachados 
pela seca das bandas de cá...
Mas por entre os cactos, os galhos e a vegetação aparentemente sem vida,
por trás daquelas serras daqui avistadas,
e das desilusões das faces sofridas.
existe um paraíso.
E virá flamejante pra curar aos cegos,
derramar água pura e límbida
e abrandar os egos.
E diante dos infortúnios, resta apenas a fé
A consolação dos dias de aflição
De Maria, João, Francisca, José
Será Lampião coberto pelo manto dos Deuses?
Antônio Conselheiro com mais uma tropa a nos levar à nova Canudos?
Jesus de Nazaré e os anjos guardiões?
O sertão vai virar mar?
E o mar...
... vai virar sertão?


                                                                                                            Elon Barbosa


(Valendo ressaltar que o Nordeste não se resume à falta d'água, projetos esquecidos ou mal cumpridos e pobreza. A região já foi fonte de muitas riquezas e continua sendo composta de imagens naturais deslumbrantes. Com uma riqueza cultural invejável, que se apresenta por meio de danças populares, cordéis, repentes etc, o Nordeste possui um povo animado, receptivo e contagiante.)


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Versos de Alívio

O ânimo que me resta é um resto. 

 










                                                                               O resto é pouco. 












O pouco é quase nada. 

 










                                                            Mas o quase nada já é alguma coisa.












Alguma coisa é uma esperança?












                                               E a Esperança?


Por vezes, motivo da "Anti socialidade".

          É lastimável perceber o quanto, certos indivíduos, que muitas vezes se dizem de bem, têm prazer e se divertem em apontar seus dedos, independentemente de serem tortos ou não, para a vida de outrens, e perdem o tão precioso tempo reparando com seus olhos atentos de coruja, os passos de seus próximos, para que então, sorrateiramente, faça uso de mais uma tática, o poder de destilar o veneno como cobras. Oh! Quanto atraso por parte desses! Esses que se acham corretos e dotados de sabedoria e propriedade o suficiente para dizer o que está certo e o que está errado, o que é bom e o que é mal, como se fossem os guardiões da verdade e se transformam em falsos moralistas, hipócritas e ainda, tão sujos quanto os porcos no chiqueiro. Não se sabe qual a verdadeira face, aquela que está por trás da expressão de cada indivíduo adepto dessa corja. Provavelmente, também possuam a capacidade do camaleão de modificar sua própria cor e se ocultar conforme as condições do ambiente. Para esses, de quem discuto, afirmo com profunda sinceridade: Vossas personas me fazem quedar enojado! Mas jamais, em nenhuma hipótese, me deixarei ser atingido por vossas baixas, vis e repugnantes asneiras.

                                                                                                    Elon Barbosa



Lenine - Pare de Encher!