Eu acordei à beira de um precipício, como quem
acorda de um sonho lúcido, mas eu sentia a realidade, meus pés tocando o chão, meu
olhar para a imensidão, e pensando se eu deveria pular daquele abismo tão doce
e místico. E no meio daquela angústia, que só o pensar assusta, o olhar que era
indeciso tomou uma posição. Sem medo ou calor, eu pulei como um dançarino
malabarizando o próprio corpo
Num todo que nem era todo
no todo em seu tudo
Todo tudo tem seu todo
Tudo é tanto
Tanto é que tudo escureceu...
E a obscuridão tomou conta dos meus olhos,
minha boca, meus ouvidos e minha mente. Inconscientemente acordei com a luz do
sol em minhas pálpebras, no mesmo local onde estava antes da queda fatal que se
tornou natal.
Estava lá o precipício, as pedras e o atiço
daquela incitação e, ainda, a escuridão com seu charme e mistério chamando a me
jogar. Todavia estava em solo firme, pisando na terra, livre e respirando sob o
sol.
Voltei então para a graça do lar.
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