quinta-feira, 28 de junho de 2012

Foi-se o tempo!



Foi-se o tempo em que eu chutava a barriga da minha mãe numa doce ferocidade, a da ansiedade para ver o mundo que naquele momento me esperava; em que eu sobrevivia por intermédio do cordão umbilical e dos meus pais que tomavam os cuidados necessários durante a gravidez. Foi-se o tempo em que os mimos se concentravam em meu ser frágil, pequeno, puro; em que os braços se abriam para segurar-me, e os adultos brincavam fazendo caretas aguardando um leve riso, quando muitas vezes eu me sentia assustado, e chorava às alturas. Foi-se a época em que eu começava a falar e a dar meus primeiros passos, tocando objetos, rostos e corações entusiasmados. Foi-se o tempo em que passava minhas mãos sujas de areia ou lama nas roupas brancas lavadas com amor; e traquinava por todos os cantos, tirando as coisas do lugar, brigando com qualquer outra criança que se tornasse uma ameaça à atenção que os outros tinham em mim, querendo atravessar a rua só, correndo sem destino. Foi-se o tempo em que os brinquedos me chamavam atenção, em que a bola, os carrinhos e as miniaturas me agradavam; em que dava crença em duendes e outras fantasias. Já passou a época em que eu chorava por não querer ir à escola e quando chegava bagunçava a sala de aula com os outros colegas; ou quando eu me divertia usando máscaras nas brincadeiras de Carnaval. Há tempos não sei o que é ganhar ovos de chocolate na Páscoa, nem pintar a ponta do nariz de vermelho; não sei o que é passar as noites de São João soltando “traques” na calçada da casa da minha avó paterna, e nem ganhar presentes de pessoas vestidas do Papai Noel nos festejos natalinos. Foi-se o tempo em que caçoava na rua com moleques que se uniam em bandos para brincar de se esconder. Foi-se o tempo em que tive minha primeira ejaculação, quando a gente pensa que está urinando na cama e não sabe ao certo o que significa aquele líquido. Foi-se o tempo das paixões utópicas de menino querendo ser adulto, galanteando os afetos nos corredores da escola e fazendo bilhetes inocentes para trancar nas gavetas, mantendo amores platônicos. Foi-se o tempo em que estudar Sistema Reprodutor nas aulas de Biologia acalorava os alunos, que não sabiam bem como lidar com o assunto, inclusive eu. Foi-se o tempo do medo de fazer novas amizades, da rejeição, da extrema timidez, das primeiras espinhas (acne). Foi-se o tempo em que tomei a primeira cerveja, com medo de me tornar alcoólatra. Foi-se o tempo em que me apegava a coisas infantis e a ingenuidade me cegava por completo. Foi-se o tempo de chegar em casa cedo... Eu cresci, experimentei o cigarro, o álcool, passando a utilizá-los na tentativa de esquecer as frustrações. Conheci a falsidade, o medo, a insegurança, a ansiedade. Vivi a depressão. Passei a perceber o quanto o ser humano é mal, e utiliza a sua língua na tentativa de matar ao próximo. Entrei na universidade. Transei, senti o prazer de encostar meu corpo em outro, despido. Estudei o necessário. Me formei, obtive profissão e êxito. Ganhei dinheiro, acompanhado de problemas e contas a pagar. Frequentei grandes festas. Me casei. Engordei. Envelheci. Faleci e não me lembro com que idade, mas tenho certeza que eu poderia ter vivido muito mais, ter lido mais, ter tomado mais banhos de chuva, contemplado mais o sol, a lua, as árvores e ter sido mais livre. Hoje, daqui de outra dimensão, imperceptível aos olhos tridimensionais, eu sei que o tempo da Terra corre bem mais rápido do que quando eu corria sem rumo na infância; que os seres necessitam vivenciar o significado do amor; que dizer “Bom dia” nos traz disposição para viver; que é preciso consagrar cada milésimo de segundo; que ter respeito até por quem não tem é um gesto honrado; que as quedas são provações para que o erguimento seja mais forte; que nada feito por nós é, em si, perfeito, mas que pode ser bonito e útil; que a intenção prospera sempre; e que a vida... Ah... A vida renascerá amanhã, através de mais uma criança que iluminará o mundo, e talvez, faça tudo aquilo que eu não fiz enquanto eu estava vivo.


                                                          Elon Barbosa.

terça-feira, 26 de junho de 2012

(Des)Encontro



Por estas rotas tão estranhas
Sou levado pela lua
A seguir a minha estrada
Mas na idéia a imagem tua
Me tortura em saber
Que é chegado te encontrar
E o amor que habita em mim
É um vão a me tomar.
...o amor que habita em mim
É um veu a me vendar.

O teu nome está gravado
Nas visões e além, mais
Tua órbita dimana
De onde vens, pra onde vais?
No entanto, ainda te espero
Pra romper a minha dor
O amor que habita aqui
Foi de mim que se vingou.
...O amor que habita aqui
Foi de nós que prosperou.



                                                                           Elon Barbosa

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Apelo Nordestino Frente à Seca no Sertão


- Oh, Seres dos céus! 
Tenham piedade dos esquecidos
Dos oprimidos...
Daqueles que sentem sede e pisam descalços 
em solos escaldantes e rachados 
pela seca das bandas de cá...
Mas por entre os cactos, os galhos e a vegetação aparentemente sem vida,
por trás daquelas serras daqui avistadas,
e das desilusões das faces sofridas.
existe um paraíso.
E virá flamejante pra curar aos cegos,
derramar água pura e límbida
e abrandar os egos.
E diante dos infortúnios, resta apenas a fé
A consolação dos dias de aflição
De Maria, João, Francisca, José
Será Lampião coberto pelo manto dos Deuses?
Antônio Conselheiro com mais uma tropa a nos levar à nova Canudos?
Jesus de Nazaré e os anjos guardiões?
O sertão vai virar mar?
E o mar...
... vai virar sertão?


                                                                                                            Elon Barbosa


(Valendo ressaltar que o Nordeste não se resume à falta d'água, projetos esquecidos ou mal cumpridos e pobreza. A região já foi fonte de muitas riquezas e continua sendo composta de imagens naturais deslumbrantes. Com uma riqueza cultural invejável, que se apresenta por meio de danças populares, cordéis, repentes etc, o Nordeste possui um povo animado, receptivo e contagiante.)


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Versos de Alívio

O ânimo que me resta é um resto. 

 










                                                                               O resto é pouco. 












O pouco é quase nada. 

 










                                                            Mas o quase nada já é alguma coisa.












Alguma coisa é uma esperança?












                                               E a Esperança?


Por vezes, motivo da "Anti socialidade".

          É lastimável perceber o quanto, certos indivíduos, que muitas vezes se dizem de bem, têm prazer e se divertem em apontar seus dedos, independentemente de serem tortos ou não, para a vida de outrens, e perdem o tão precioso tempo reparando com seus olhos atentos de coruja, os passos de seus próximos, para que então, sorrateiramente, faça uso de mais uma tática, o poder de destilar o veneno como cobras. Oh! Quanto atraso por parte desses! Esses que se acham corretos e dotados de sabedoria e propriedade o suficiente para dizer o que está certo e o que está errado, o que é bom e o que é mal, como se fossem os guardiões da verdade e se transformam em falsos moralistas, hipócritas e ainda, tão sujos quanto os porcos no chiqueiro. Não se sabe qual a verdadeira face, aquela que está por trás da expressão de cada indivíduo adepto dessa corja. Provavelmente, também possuam a capacidade do camaleão de modificar sua própria cor e se ocultar conforme as condições do ambiente. Para esses, de quem discuto, afirmo com profunda sinceridade: Vossas personas me fazem quedar enojado! Mas jamais, em nenhuma hipótese, me deixarei ser atingido por vossas baixas, vis e repugnantes asneiras.

                                                                                                    Elon Barbosa



Lenine - Pare de Encher!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Breve Reflexão Sobre a Educação no Brasil Atual.


            Vídeo retirado do canal indignadochannel no Youtube.

Preste atenção,
meu amigo, meu irmão!
De cada cem crianças que entram na escola,
apenas 14 delas conseguem diplomação.
As que nunca se escolarizaram são bem mais de um milhão.
Nosso governo promete investimento em educação,
mas escolas sem merendas é mais um X na questão;
Alunos de barriga seca não podem ter concentração,
erros de certos políticos que não focam no bem comum da nação.
Por que será que eles fazem do dinheiro público má utilização
enriquecendo o próprio bolso e retardando a circulação?
Ambição...
Por que com o capitalismo vivemos a discriminação,
Se o mundo está voltado pra socialização?
E diante da comunicação
não temos a informação
Pra onde vão os impostos?
O governo não abre mão!
São muitas as problemáticas
do ambiente social,
porém não nos esqueçamos
de algo essencial:
Somos parte deste corpo
na ação de bem e de mal,
já que todos nós configuramos o Estado Nacional.



Elon Barbosa (Pombal - PB)
Júnior Ferreira (Malta - PB) 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

DESPERTAR




O céu pesado prestes a cair
Sobre a mente do mundo que projeta
O cego segue sem se assegurar
Sem saber o que hora lhe espera
A fé que tive foi pra outro lugar
E arrastou consigo a nossa sorte
Como nem o nada e nem o tudo são tão firmes
O despertar será mais forte do que a própria morte.


Elon Barbosa.