sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

História para levantar da tumba

Quando eu morri
eu ouvi Cobain
com seu teen spirit
cantando Come As You Are
pros espíritos do além
Michael Jackson dançando num thriller
cercado de fantasmas, monstros e zumbis que tem
Marley acendendo o seu cigarro
Robert Johnson doando seu sangue ao diabo
Elvis com seus Blue Suede Shoes
bailando enquanto Joplin
louca e rouca canta um blues
Lennon sussurrando um Amém pra sua Imagine
e as trombetas dos anjos
arranjando um soul pra Amy
Hendrix solando sua guitarra
Ray Charles no swing
numa completa algazarra.
Raulzito profetizando em seu Disco
sem nem mais ver a morte vestida de cetim
Renato Russo bebendo água da fonte
e levando uma legião a cantar canções de amor sem fim
Cazuza como sempre exagerado
vendo o futuro repetir o passado
Cássia vestida de meias três quartos,
rezando pelos cantos por ser uma menina má
Tim Maia contemplando o sossego
de um sonho todo azul, azul da cor do mar
Gonzaga e Sivuca improvisando um forrozinho
arretado lá no céu para as fulô
Jackson do Pandeiro puxa o ritmo com Science
pra Sebastiana e Risoflora numa serenata de amor
Jobim e Elis diante das águas de março
vêem até o que só o coração pode entender
Enquanto eu estou mais vivo do que nunca
pra contar para os meus filhos e aqui para você.



Elon Barbosa.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Reavivar



Na sua não tô à toa
É o que eu digo pra lua
estando em minha loa
Meu próprio imo voa
vestido de nudez,
enquanto o vento caçoa
batendo em nossa tez.
Ao seu encontro, toda nua
Geme o corpo, quase ecoa
Um pouco masoquista e crua,
gosta de sentir que doa.
E se doa...
Aceito
Aproveito
Me deleito
Num momento de respeito
Até que se vê cuidada
consolada em meu peito
com seu jeito dengoso
num gozo após o feito
E quando a epiderme se cansa e soa,
cada qual para o seu lado
pra dormir realizado
e sem nunca ter olvidado
Reviver, que a vida é boa.


Elon Barbosa

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Canção do amanhecer




Hoje pela manhã, um olho fumegante  
com seus raios que brotavam dos faróis
Quando chegou a noite, foram vários como bolhas de luz
boiando no oceano cósmico diante de nós
fui ser feliz assistindo as serras nordestinas
parirem o seu filho sol mais uma vez
era uma menina mulher, sem idade e sem destino
sem vaidade e sem tino no clima das cinco ou seis.           

Nas trilhas aventurosas dessa viagem
Destrincho facilmente o embrulho que se instala
E as tentativas de fitar o universo
São tão infindas quanto o mesmo em sua ala
Os seres buscam o alcance da membrana
Que se estende num tempo relativo
Na medida em que o nosso próprio ser
Evolui na condição de mortal que se faz vivo.


Elon Barbosa.