domingo, 13 de janeiro de 2013

Pupilas




Suas pupilas negras e estranhas
São tão herméticas quanto a noite
Invade meu imo, até as entranhas
E me arrebenta como um açoite
E me arrebata com o olhar de façanha
E me envergonha, ainda que me afoite.

Suas pupilas negras e estranhas
São tão fulminantes quanto uma bala
Lançada ao peito num tiro certeiro
E naquele momento, o silêncio se cala
Se deita, se acaba, se fere, se sara
Num amor que misteriosamente se exala.


Elon Barbosa

Chamado





Ninguém ao certo sabe
Só se sabe bem que cabe
Num todo que ao pouco invade
Em que este mesmo pouco
Se abre
se resolve
se prorroga
se desdobra
se assombra
se joga
se empolga
se encontra
Por baixo do sol
ou da sombra
Meditando na caverna
ou seguindo a estrada longa
Diante de um Deus mulher
ou da própria mulher monga
até mesmo das aranhas
nas teias da imaginação
En la "Tonga da mironga do Kabuletê"
Ilusão...
Num chamado
Num achado
Que nem mesmo o poeta dos poetas dos poetas dos poetas
Compreende o tal estado
Estação...
de outono à primavera
de inverno à verão
Pra que sua metamorfose
seja, então, a ambulante
O transforme, na vera,
na mais sincera canção.


Elon Barbosa