O
fato de o ente vivo e pensante saber que está caminhando para a morte ou que,
talvez, já esteja na mesma, pode fazer dele um ser angustiado, pois se
vê diante de tamanha interrogação: "O que há de ser?". Os mistérios que
giram em torno da morte tornam o ser humano inquieto, pois este, perdido
na imensidão, se sente inseguro do que virá, é o medo de encarar o que é
até então desconhecido. Porém, a angústia que sente o ser, já é a
explicação, a compreensão. Ele precisa senti-la, precisa
inconformar-se, precisa duvidar, mas a precisão não é apenas íntima do
indivíduo, é uma precisão universal, e que existe por si só. Nós
buscamos, o que, sob o esquecimento, nunca iremos encontrar e pode ser esta uma
razão de viver. Se soubéssemos de tudo, faltaria o "frio na barriga" e a
graça do perigo. A morte faz parte da vida, do ciclo natural. E quiçá, já seja a própria vida, e a vida a própria morte.
domingo, 17 de março de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
História para levantar da tumba
Quando eu morri
eu ouvi Cobaincom seu teen spirit
cantando Come As You Are
pros espíritos do além
Michael Jackson dançando num thriller
cercado de fantasmas, monstros e zumbis que temMarley acendendo o seu cigarro
Robert Johnson doando seu sangue ao diabo
Elvis com seus Blue Suede Shoes
bailando enquanto Joplin
louca e rouca canta um blues
Lennon sussurrando um Amém pra sua Imagine
e as trombetas dos anjos
arranjando um soul pra Amy
Hendrix solando sua guitarra
Ray Charles no swing
numa completa algazarra.
Raulzito profetizando em seu Disco
sem nem mais ver a morte vestida de cetim
Renato Russo bebendo água da fonte
e levando uma legião a cantar canções de amor sem fim
Cazuza como sempre exagerado
vendo o futuro repetir o passado
Cássia vestida de meias três quartos,
rezando pelos cantos por ser uma menina má
Tim Maia contemplando o sossego
de um sonho todo azul, azul da cor do mar
Gonzaga e Sivuca improvisando um forrozinho
arretado lá no céu para as fulô
Jackson do Pandeiro puxa o ritmo com Science
pra Sebastiana e Risoflora numa serenata de amor
Jobim e Elis diante das águas de março
vêem até o que só o coração pode entender
Enquanto eu estou mais vivo do que nunca
pra contar para os meus filhos e aqui para você.
Elon Barbosa.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Reavivar
Na sua não tô à toa
É o que eu digo pra lua
estando em minha loa
Meu próprio imo voa
vestido de nudez,
enquanto o vento caçoa
batendo em nossa tez.
Ao seu encontro, toda nua
Geme o corpo, quase ecoa
Um pouco masoquista e crua,
gosta de sentir que doa.
E se doa...
Aceito
Aproveito
Me deleito
Num momento de respeito
Até que se vê cuidada
consolada em meu peito
com seu jeito dengoso
num gozo após o feito
E quando a epiderme se cansa e soa,
cada qual para o seu lado
pra dormir realizado
e sem nunca ter olvidado
Reviver, que a vida é boa.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Canção do amanhecer
Hoje pela manhã, um olho fumegante
com seus raios que brotavam
dos faróis
Quando chegou a noite,
foram vários como bolhas de luz
boiando no oceano
cósmico diante de nós
fui ser feliz
assistindo as serras nordestinas
parirem o seu filho
sol mais uma vez
era uma menina mulher,
sem idade e sem destino
sem vaidade e sem tino
no clima das cinco ou seis.
Nas trilhas aventurosas dessa viagem
Destrincho facilmente o embrulho que se instala
E as tentativas de fitar o universo
São tão infindas quanto o mesmo em sua ala
Os seres buscam o alcance da membrana
Que se estende num tempo relativo
Na medida em que o nosso próprio ser
Evolui na condição de mortal que se faz vivo.
Elon Barbosa.
domingo, 13 de janeiro de 2013
Pupilas
Suas pupilas negras e estranhas
São tão herméticas quanto a noite
Invade meu imo, até as entranhas
E me arrebenta como um açoite
E me arrebata com o olhar de façanha
E me envergonha, ainda que me afoite.
Suas pupilas negras e estranhas
São tão fulminantes quanto uma bala
Lançada ao peito num tiro certeiro
E naquele momento, o silêncio se cala
Se deita, se acaba, se fere, se sara
Num amor que misteriosamente se exala.
Elon Barbosa
Chamado
Ninguém ao certo sabe
Só se sabe bem que cabe
Num todo que ao pouco invade
Em que este mesmo pouco
Se abre
se resolve
se prorroga
se desdobra
se assombra
se joga
se empolga
se encontra
Por baixo do sol
ou da sombra
Meditando na caverna
ou seguindo a estrada longa
Diante de um Deus mulher
ou da própria mulher monga
até mesmo das aranhas
nas teias da imaginação
En la "Tonga da
mironga do Kabuletê"
Ilusão...
Num chamado
Num achado
Que nem mesmo o poeta dos poetas dos
poetas dos poetas
Compreende o tal estado
Estação...
de outono à primavera
de inverno à verão
Pra que sua metamorfose
seja, então, a ambulante
O transforme, na vera,
na mais sincera canção.
Elon Barbosa
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Jogando conversa fora sobre suposto "fim"...
Chegamos ao dia 21/12/2012. A mídia falou tanto em fim de mundo; o povo especulou tanto... Mas o mais engraçado é que nenhuma profecia disse que o mundo iria se acabar. Nem os maias, nem os egípcios, nenhuma outra civilização antiga, nem os Ets, nem Nostradamus, nem os esotéricos, nem os espíritas, nem a Bíblia, nem a ciência, nem a astrologia... Todas as chamadas profecias, falaram em uma continuação, em um novo ciclo, em uma nova era na Terra e trouxeram alerta sobre a necessidade de mudança de consciência dos povos terrenos; fim dos tempos de uma velha consciência e início de outra, nunca de um fim do mundo e da raça humana. 21/12/2012 foi apenas o fim do calendário maia, segundo informações jogadas pela própria mídia. Será verídico? O ser humano tem necessidade de alimentar sua curiosidade sobre quem é, de onde veio, pra onde vai, quando foi o início e quando será o fim. A Civilização Maia é antiga, mas tal como muitas outras, foi muito mais avançada em termos de conhecimentos astrológicos e até astronômicos do que a nossa, mesmo com toda a tecnologia atual, e nós ainda não descobrimos tudo sobre ela. A história é contada com base em interpretações, ou seja, nada é sempre certo, e mais uma vez, talvez a interpretação feita tenha sido errada. Assim como no passado interpretaram mal Nostradamus, e interpretam mal a bíblia, os maias também podem ter sido mal interpretados (Não significa que sou um exímio interpretador de textos) e a data (errada) do suposto "fim" mais uma vez amedrontou pessoas desinformadas, tornou alguns céticos e decepcionou muitos esperançosos de uma Nova Era. Configura-se mais uma vez o quanto somos manipulados pelo que o sistema nos joga, que pode ser o da mídia, o religioso e até político. Os ciclos do Calendário Maia não acabaram e continuarão por milhões de anos. Na realidade os "profetas" das datas para o fim, não foram os maias, nem a Bíblia, nem Nostradamus e nenhuma referência já citada; os "profetas" foram os próprios homens da civilização atual, movidos por diversas condições, mas principalmente por sua curiosidade, o que não significa que é ruim. A curiosidade é boa, nos leva a adquirir conhecimento, dependendo da forma aplicada e como diz o antigo e profético ditado: "Tudo o que é demais, é veneno!". O desenvolvimento e o avanço de nossa sociedade está só começando, talvez, o início, apenas, do 'proprio fim'. A civilização pós moderna vem se tornando cada vez mais escrava da tecnologia (o que não é sempre bom) e é notável o quanto a consciência da massa vem se modificando e se adaptando a nova realidade. Os pólos, realmente, estão se invertendo! O mundo é outro! O cosmo também, uma vez que se expandindo ou mesmo estático, não faremos idéia de onde estarão suas membranas. Existem muitos mistérios ainda a serem desvelados, e os povos antigos ainda nos revelarão muito. É válido salientar também, que Apocalipse vem do grego apokálypsis e significa 'revelação', 'retirada do véu'; o que ficou obscuro e relacionado a fim de mundo. Essa realidade de Apocalipse, nós vivemos nos dias de hoje. Há tempos! Estamos no meio e não sabemos a data de término e é bem melhor que não saibamos atribuindo certezas absolutas. Vivemos a era da revelação, a era em que o 'véu de Ísis' está aos poucos sendo retirado. É preciso encarar as 'profecias' como necessidade de reflexão sobre os nossos atos; libertação da cegueira; necessidade de mudança e auto conhecimento; precisão de saber que se um ciclo termina, outro começa, assim como tudo no universo; como os dias, os meses, os anos, as décadas, os séculos, os milênios etc; como o movimento dos elétrons dentro do átomo e dos planetas em torno do sol, e dos sóis em torno do centro Via Láctea; como a própria vida que termina e recomeça sempre.
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